quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vida antes da presidência

Médici era neto de um combatente maragato. Sua mãe era uma uruguaia de ascendência basca, da cidade de Paysandu, e seu pai era de origem italiana. Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 30 e contra a posse de João Goulart em 1961.Em abril de 1964, por ocasião do golpe militar de 1964. Em 1969, foi nomeado comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.Com o afastamento definitivo do presidente Costa e Silva, assumiu a presidência da república uma junta militar por um período de um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo presidente da república


  

Na presidência da República


Médici tomou posse no dia 30 de Outubro de 1969, prometendo restabelecer a democracia até o final da sua gestão. A guerrilha urbana e rural foi derrotada durante sua gestão, as denúncias de tortura, morte e desaparecimentos de presos políticos que ocorreram na década de 1970 provocaram embaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. Médici, ao contrário dos presidentes anteriores no regime militar (Castelo Branco e Costa e Silva), não cassou mandato de nenhum político. 


Médici recorreu à propaganda, martelando pelos meios de comunicação o slogan “Ninguém mais segura este país” e  "Brasil, ame-o ou deixe-o". Médici se apresentava como um homem do povo, apaixonado por futebol e torcedor número 1 da Seleção Brasileira. A conquista do tricampeonato de futebol pela seleção “canarinho”, na Copa do Mundo de 1970, foi apresentada como mais uma vitória do governo Médici. Nessa época, além da propaganda oficial, outro fator ajudou Médici a conseguir apoio de parte da população: o crescimento da economia. E esse foi o período que o país viveu o chamado "Milagre Brasileiro": crescimento econômico recorde, inflação baixa e projetos desenvolvimentistas como o Plano de Integração Nacional (PIN), que permitiu a construção das rodovias Santarém-Cuiabá, a Perimetral Norte, a Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói.





 

O “Milagre econômico”


Durante o governo Médici, a economia brasileira cresceu cerca de 10% ao ano, enquanto a inflação permaneceu relativamente baixa. Essa combinação interessante recebeu o nome de “milagre econômico”, onde houve um grande crescimento da classe média. Para estimular o crescimento econômico, o governo:

·         Conseguiu empréstimos no exterior;
·         Atraiu capitais estrangeiros, concedendo-lhes facilidades para atuar no Brasil;
·          Baixaram os salários dos trabalhadores mais pobres.

Boa parte dos capitais obtidos com os empréstimos e investimentos estrangeiros foi investido  no setor industrial, que cresceu, puxando pelas indústrias autobilísticas e de eletrodomésticos, tornando-se comum, nas residências, o televisor e a geladeira. E funcionar a televisão a cores no Brasil.




O fim do “milagre”


Em 1973, último ano do governo Médici, por motivos internos externos, o “milagre econômico” começou a das sinais de esgotamento.Triplicaram o preço mundial do barril de petróleo,o que provocou forte abalo na economia brasileira, já que cerca de 80% do petróleo  que o pais consumia era importado.Para pagar esse petróleo,o Brasil gastava quase a metade do que ganhava com suas exportações.Internamente, devido aos baixos salários, a maioria da população já não conseguia comprar o volume de produtos aqui fabricados.
Com isso, o PIB começou a declinar, e a inflação voltou a crescer. A dívida externa e a diferença entre os mais ricos e os mais pobres também aumentaram. Esses fatores, somados, colaboraram para que o presidente Médici terminasse seu governo com baixíssimo índice de popularidade. O Brasil tinha passado à condição de décima potência capitalista do mundo, mas osupava os primeiros lugares quando se tratava de concentração de renda emortalidade infantil, e um dos últimos lugares quando se tratava de acesso à saúde, à educação e ao lazer.

Manifestações


Nem tudo era paz no governo Médici. Se, de um lado, conseguia manter os trabalhadores sob controle, de outro, os estudantes protestavam contra a perda de espaço, cada vez maior.
Qualquer cidadão suspeito de ser “subversivo” – nome que o governo dava aos que discordavam dele – podia ser detido, torturado e morto, sem que a família soubesse de seu paradeiro e sem que nenhuma autoridade jurídica fosse consultada. Universidades forom invadias; professores, jornalistas, artistas, estudantes, religiosos e militares contrários à ditadura foram perseguidos;
Ao final do governo Costa e Silva surgiu o famigerado Decreto-Lei 477/69, proibindo estudantes, professores e funcionários de escola de realizarem manifestações políticas. O governo Médici foi além, proibindo qualquer manifestação estudantil, política ou não. Cassados os direitos de cidadania, foi-lhes retirado até o direito de pensar, como se pensar não fosse um ato natural de quem estuda.

Resistência Cultural


Também cresceu a resistência cultural ao Regime Militar, por meio de jornais, espetáculos teatrais e festivais de música popular brasileira.
Em junho de 1969, foi lançado no Rio de Janeiro O Pasquim, que com humor, irreverência, textos leves e engraçados, charges e quadrinhos de cartunistas e com entrevistas descontraídas, tornou-se “uma pedra no sapato” do Regime Militar.
Fazendo coro com os cartunistas, músicos, cantores e compositores também resistiam ao Regime Militar por meio das chamadas canções de protesto, apresentadas nos festivais que agitaram a televisão brasileira na época.
          








Fim do mandato e Morte


Ao fim de seu mandato como Presidente da República, Médici abandonou a vida pública. Declarou-se contrário à anistia política assinada pelo presidente João Figueiredo (que havia sido chefe da Casa Militar durante seu governo) qualificando-a como "prematura".Foi sucedido, em 15 de março de 1974, pelo general Ernesto Geisel.Médici faleceu em 9 de outubro de 1985, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de insuficiência renal aguda e respiratória devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
 .